segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Os dias, as horas e o tempo - Autor: Carlos Costa

O vento que sopra constantemente em meu rosto, colore meus poucos cabelos e barba na cor prata, (nem sempre aparada como minha esposa Yara gosta), envelhecendo-me um pouco a cada fevereiro do ano. Mas não é meu aniversário de vida; mas, apenas de um ano de vida a menos que terei para viver!
Quando criança, sentia que o tempo passava lentamente e não tinha preocupações; adulto, os dias, meses e anos passam rápido demais, às vezes correm muito para ver dezembro chegar e presenciar crianças famintas esperando Papai Noel chegar, entrando pelas janelas de suas imaginações e isso me apavora porque sei que meu viver está se evaporando muito rápido.
E o que me restaram dos anos que se passaram?
...amigos feitos e que ainda existem. Amigos que partiram sem me dizer adeus ou pedir licença porque Deus os convidou para participarem de felicidade eterna em seu Reino! Mas bem que poderiam ter me avisado – não que isso seja necessário! –!
...lembranças de coisas boas que vivi – lembranças ruins que desejo esquecer e não consigo; amores que ganhei; amores que perdi; palavras que não disse por medo, palavras que pronunciei em hora ou locais errados e que feriram alguém.
...lágrimas que escorreram de meus olhos ou que fiz escorrer dos olhos de alguém que gostava; perdão que nunca pedi ou que pedi, mas não fui perdoado inteiramente porque sempre restam mágoas no coração de quem machucamos.
...filmes que vi ou que não vi porque eram proibidos para menores e, quando os vi, não gostei porque não tinham nada demais; progresso que chegou e destruiu minhas lembranças, enfim...Cinemas que fecharam; cinemas que abriram. Ruas que não foram abertas e o trânsito pesado de minha Manaus que não permite mais ter tranquilidade ou firmar compromissos com horários. Um relógio em meu pulso que me lembra que estou atrasado... Celular no bolso que dispara sempre para tomar um novo remédio...
Por fim, quero que o mundo pare e volte a ser tudo como fora em minha infância: sem pressa, compromissos, horários, carros nas ruas, remédios para tomar, infecções para curar; quando corria despreocupado pelas ruas de meu bairro que já não é mais o mesmo.
Desejo conversar longamente e perder horas e horas com os amigos que não sei se ainda são os mesmos; os estudos que fiz que talvez não sejam mais iguais...
Desejo conversar com meu filho...de homem para homem ou de homem para menino! Sei lá o quero, realmente porque ando confuso demais para pensar.
Acho que não quero nada porque já vivi o suficiente, amparado por Deus...cuidado pelos médicos, tomando meus remédios diários...
 
Autor: Carlos Costa - Manaus/AM
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Publicação autorizada pelo autor
 

Um comentário:

Ana Bailune disse...

Será que viveu demais?... Acho que todo mundo vive de menos...