quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Amigos insanos

Autor: Ciro Fonseca
 
Como eu já disse em algumas crônicas passadas, eu sempre gostei de jogar futebol. Nunca cheguei a ser um craque, mas cheguei a jogar em times da terceira divisão, aqui pelas bandas do Rio de Janeiro. Bem mais tarde, já na meia idade, continuei jogando em campeonatos de veteranos, e no Guanabara F.C. Clube sediado na cidade de Santa Cruz, situada na zona oeste do Rio de Janeiro, disputei o “campeonato dos cansados”, até a idade de mais ou menos 55 anos.

Era um campeonato organizado, com regulamento, juízes federados, súmulas, que eram analisadas por uma comissão disciplinar. Participavam 10 times, todos patrocinados por comerciantes locais, que davam as camisas com o logotipo de suas lojas ou indústrias. Um desses times em que eu jogava era denominado “Toca Móveis”, cujo proprietário chamava-se Edson.

O Edson era um dos caras mais gozadores que conheci, vivia de brincadeira, e o time perdendo ou ganhando. Pra ele era motivo de muita gozação depois dos jogos.

Certo dia resolvi passar na loja no Edson, para comprar uma bi-cama para o quarto dos filhos, pensando em ganhar um bom desconto, pois afinal era titular da lateral direita do time dele. Chegando à loja, estacionei o carro em frente, e fui perguntando a um empregado. O Edson está? Está almoçando, disse o rapaz sorridente. Mas a casa dele fica nos fundos da loja, dá um pulo até lá, tem um portãozinho bem aqui do lado, disse ele apontando.

Eu não me fiz de rogado, afinal o Edson era um cara sem frescura nenhuma, dirigi-me ao portãozinho que estava apenas com um trinco, empurrei e fui entrando num quintal bem tratado e bastante arborizado, já estava chegando perto da varanda da casa, quando reparei numa placa que dizia: “Cuidado com o papagaio”. Dei uma boa risada, pois devia ser mais uma gozação do Edson. De repente, lá da varanda, ouvi uma vozinha que gritava bem alto: Pega rex, pega rex ! O latido que veio dos fundos da casa devia ser de um cachorro enorme, pois nem parei para olhar para trás, quando pulei o portão de volta para a rua. Era o maldito papagaio que instigava o cachorro. Dentro da casa, o Edson se mijava de tanto rir.



Autor: Ciro Fonseca - Rio de Janeiro/RJ

Nenhum comentário: