terça-feira, 28 de maio de 2013

Carta aos jovens! (O Brasil acordou)

Autor: Carlos Costa

“Eia, senhores! Mocidade viril! Inteligência brasileira! Nobre nação explorada! Brasil de ontem e amanhã! Dai-nos o de hoje, que nos falta”.  
Com a citação da “Oração aos Moços”, do discurso do tribuno, jurista, político, filólogo, tradutor e orador do grande brasileiro de Salvador Rui Barbosa e pedindo-lhe licença para tal ousadia, desejo escrever minha “Carta aos Jovens” brasileiros que, de cara limpa,  tiveram a coragem de ir às ruas reivindicar e bradar com cartazes, muitos feitos às pressas, e alguns, rejeitando o apoio de partidos políticos, para exigir a construção de um novo Brasil, que deverá nascer dos restos da destruição dos saques, roubos e outros vandalismos cometidos por marginais, escondidos como ladrões, baderneiros, aproveitadores e saqueadores de bens públicos e privados, com seus rostos cobertos para não serem reconhecidos pelas câmeras policiais. Mas essa Carta é dirigida aos jovens brasileiros de caras limpas, apenas!
Nessa “Carta aos Jovens”,  igualmente à “Oração aos Moços”-  discurso por ocasião dos cinquenta anos daquele grande baiano muitas vezes incompreendido e criticado em sua época, devo dizer que podemos ter perdido parte de nossa “autonomia”; mas, não a dignidade!
Como Rui Barbosa pediu no passado, para que os moços formados em direito, colocassem suas “mãos à obra da nossa reconstituição interior; mãos à obra de reconciliarmos a vida nacional com as instituições nacionais; mãos à obra de substituir pela verdade o simulacro político da nossa existência entre as nações” e peço aos novos jovens brasileiros de hoje para que também “trabalhai por essa que há de ser a salvação nossa. Mas não buscando salvadores. Ainda vos podereis salvar a vós mesmos,” porque também repito aos novos jovens que todos nós brasileiros temos direito a um novo país sem corrupção nas pontas, com projetos sociais – saúde, escola, educação, saneamento básico e habitação popular, entre outros – e contra processos jurídicos e projetos legislativos que se arrastam por anos até serem votados beneficiando mais os próprios representantes do que os representados. Um novo Brasil que distribua melhor e para todos os precários e caros serviços públicos. Um novo Brasil que poderá e deverá nascer a partir dessas manifestações democráticas, não poderá ter em sua estrutura, nada disso! Terá que ser limpo, como são as mentes das crianças, além de ético e moral, também.
Dentre os muitos manifestantes como já era previsível, em muitas capitais houve depredações, saques em lojas, bancos, caixas eletrônicos, atos de destruição de patrimônio público e privado, semáforos, placas de rua, trânsito, pardais e tentativa de invasão a prefeituras, mas que não representam a grande maioria do povo brasileiro. Contudo, causou prejuízos financeiros em todos os Estados. A esses poucos marginais infiltrados dentro da maioria civilizada e ordeira, devem ser tratados como casos de polícia. Aos outros, lhes deve dado o sagrado direito de reivindicar de forma ordeira e civilizada.
Segundo fichamento da disciplina Metodologia da Pesquisa e do Trabalho Jurídico, ministrado pela mestra professora Ionete de Magalhães Souza, da Universidade de Montes Claros (MG), realizado pelo aluno Comphúrcio Allyson Mota Fraga, a “Oração aos Moços” é “uma carta que tem como tema central a ética profissional. Nela se  vê uma espécie de pedido insistente e humilde extremamente bem arquitetado”.
Segundo o trabalho do aluno “há o manifesto do autor em relação à esperança depositada por ele naqueles moços, iniciantes na carreira jurídica, a continuarem o trabalho o qual ele estaria prestes a cessar. Em tom emocionante, o mesmo explica o fato de não poder estar em presença naquele momento, depositando a responsabilidade em Deus.”
Como Rui Barbosa agradeceu a Deus por poder estar vivo e poder dirigir sua “Oração aos Moços” aos formandos da Faculdade de Direito de São Paulo, em seus 50 anos de militância jurídica,  também agradeço aos jovens como também já fui e participava de movimentos sociais nas ruas contra a ditadura militar, por poder escrever-lhes essa “Carta aos Jovens” e, também, agradecer à Deus por me permitir estar vivo e assistir pela TV tamanho envolvimento manifestação de estudantes, senhoras e crianças de caras limpas exigindo transparência pública, civismo e o fim da corrupção que envergonha a todos os contribuintes honestos desse Brasil, que deve desaparecer para surgir outro, a partir do clamor popular das ruas.
Parabéns aos jovens brasileiros é o que lhes posso desejar, sentado atrás de meu computador, escrevendo-lhes essa crônica e pedindo-lhes que não desistam jamais, porque todos estão nas ruas com um propósito de iniciar a construção de um novo país e eu, tomando meus remédios e batendo palma para vocês e os admirando sempre, apesar das badernas que estão sujeitos, mas isso é um caso de polícia e não dos jovens, meus bravos jovens brasileiros. Da desordem se construirá uma nova ordem, ou melhor, um novo Brasil! Assim, eu espero e desejo porque não quero mais ser censurado pela ditadura novamente, como já ocorreu no passado. Quero e desejo um novo Brasil, a partir de todas as demonstrações de amor e civismo. 



Autor: Carlos Costa - Manaus/AM

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Uma prisioneira com seu final feliz


Autor: Geraldinho do Engenho

          Presa na alcova da casa grande, ela passava as horas ruminando saudade daquele amor inocente, cuja semente germinava no seu ventre. Eram quase crianças, mas o amor falou mais alto.
             A mãe submissa mal podia tocar o nome da filha. Aos amigos o pai dizia que a filha decidira por em pratica sua vocação religiosa com seu voto de pobreza.
Do jovem que misteriosamente desapareceu, os pais esperavam pelo milagre de sua volta. A pobre mãe perdera em lagrimas toda alegria de viver.
   Toda a hipótese seria válida, mas a mais viável seria a grande cheia, tê-lo sugado impiedosamente, naquela ultima tempestade que desabou como um dilúvio.
            A reputação do pai com a patente de patente de coronel. Com seu poder eram mais importantes, e estava acima de qualquer bem material, o imaterial não fazia parte de sua trajetória.  Obviamente o que contava era apenas sua conotação social onde o poder do vil metal era o magistral juiz
            Naquele cubículo quase sem claridade a esperança era a única luz. Somente a bondosa BA que a viu nascer e preparara com tamanhos mimos e carinhos sua festa de 15 anos, tinha acesso elas alem da mãe em altas horas da noite.
              Despojada de suas jóias, restara apenas sua correntinha de ouro cujo pingente um medalhinha da virgem Maria contendo as iniciais A.C. de Ana Cristina, nome escolhido pela mãe, o único desejo satisfeito pelo marido naquele matrimonio marcado por um angustiante machismo.
   Já no sexto mês de cativeiro e angustia seu único contato; era quando, assistida por sua BA e pela mãe que furtivamente burlava as ordens do pai, levando-lhe um pouco de afeto. Em fim chegara o momento. Fortes dores e contrações repetidas anunciaram o que deveria ser o fim de um martírio.  O choro de anjo -, um bebê robusto de olhos azuis quebrou a monotonia daquele quadrilátero sem ventilação. A alegria da mãe ao recebê-lo no seu aconchego cortou o coração de sua BA, sabedora do destino incerto daquele indefeso inocente.
             Há exata zero hora nascia o fruto daquele amor proibido. Duas horas após uma carruagem desaprecia na curva da estrada deixando para traz os rastros da crueldade, e na sombra da noite, uma pobre mãe que mal teve tempo de colocar seu único bem no pescocinho de seu bebê um pingente da mãe de Jesus. As horas passaram moderadamente. Os apelos da nova avó só aumentaram o ódio do pai cujo objetivo era apenas lavar, o que ele afirmava ser sua honra.
         Mais duas semanas já não havia mais lágrima na fonte resignada daqueles olhos quase sem cor tentando suportar a claridade de um novo presídio, desta vez liberta da escuridão, mas longe do único bem que lhe restou o amor de sua mãe.
Aos poucos a dor da alma petrificava. No coração uma cicatriz profunda emoldurada por aquele rostinho que fora brutalmente arrebatado dos teus braços.
  Penalizada com tamanha tristeza a madre superiora do convento onde fora aprisionada, compadecida estendeu-lhe a mão num gesto de ternura maternal. E assim pouco tempo após as chagas da solidão já sinalizaram um abertura para a alegria embora a saudade obstruísse aquele sorriso que ficou tão distante perdido na penumbra sombria da alcova. Mas os estudos e as orações preencheram aquele vazio. E a bondosa madre já conhecia todos os detalhes do seu martírio.
 Agora seria possível, autorizada pela madre, arbitrar sua própria decisão na escolha do caminho a seguir. Pela primeira vez sentiu-se aliviada sob o manto protetor da superiora que lhe delegou o poder de escolha. Sonhar sim, mas sorrir ainda era cedo talvez impossível.
  Estava decidida. Obedecer a sua vocação e cursar enfermagem. Cinco anos de dedicação e o sonho realizado. Com o tempo dividido entre o primeiro emprego no hospital publico mais as horas dedicadas ao convento que adotara como filha. Ocupações que preenchiam todo aquele espaço que um dia alimentou o sonho de grande amor. E assim mais vinte anos de portas fechadas para o amor, sem uma única noticia de pai e mãe.
  Embora de caráter sombrio e profundo pela convivência com aquele filme engavetado na mente que vinha a tona quase sempre. Os anos de experiência, cursos e congressos a colocaram num patamar de capacidade e conhecimento indispensável para aquela instituição que tornara como seu verdadeiro lar.
  Uma quarentona, agora, que jamais pensaria em amor-, Bastando-lhe seu circulo de amizade enriquecido no trabalho coroado pelo êxito profissional.
  Isso até aparecer Julio César aquele médico dedicado de olhos azuis que reprisava um rostinho inocente que estivera em seus braços por poucos momentos a exatos vinte cinco anos passados. Seria amor a primeira vista ou ironia que viera mudar seu destino?
  O fato é que ambos estavam perdidamente apaixonados. Há poucas semanas se conheceram, mas ambos tinham histórias a ser desvendada e a perda de tempo poderia atrapalhar aquele amor que surgiu quase num estalar de dedos. Os colegas de trabalho a velha madre do convento ficaram eufóricos quando anunciaram o noivado.
  Uma disputa acirrada entre hospital e colégio pelo local na realização do enlace. Vencido pela madre que ofereceu a capela do convento alegando ser o lar de Ana Cristina se dizendo em condições de providenciar um padre do orfanato vizinho pra a celebração.
  Tudo preparado a capela superlotada a noiva deslumbrante o noivo, idem, o padre um jovem de vinte e cinco anos rosto modelado olhos azuis.  Ana Cristina encantada com aquele rosto jovial, que lhe parecia familiar, estava quase sem voz para responder o ritual da cerimônia.
  Terminando o jovem padre abraçou os noivos e num gesto de carinho começou a discursar fundamentado no tema bíblico sobre a paternidade. Se dizendo lamentar não ter conhecido os pais. Que fora entregue ao orfanato pelo avô juntamente com uma alta cifra em dinheiro, um valor suficiente para custear seus estudos. E que embora tivesse pesquisado a respeito sua origem nada havia conseguido apenas possuía uma pequena medalha que segundo afirmaram levaram com ele.
Admirado Julio César retrucou: - curiosamente temos historia parecida-, eu me chamava Antonio Carlos de repente cai num profundo sono fui seqüestrado não sei por que -, quando acordei estava preso num colégio interno e com um a certidão de nascimento com o nome de Julio César e afirmando ser filho de pais desconhecidos cuja herança fora depositada em um banco sendo liberado somente para o reitor de o colégio custear meus estudos.  E assim eu cursei medicina e aqui estou, mas pretendo em breve procurar minha origem. O sonífero que me aplicaram apagou completamente meu passado, a minha memória tem registro obscuro. Lembro-me vagamente em sonhos, de ser chamado pelo nome Antônio Carlos.
Ana Cristina que até então só ouvia entra em sena.
– E tu padre responda-me... Tua medalha tem as iniciais A N.?
–Sim... Êi-la aqui!
-Me abrace filho querido... Sou tua mãe e aqui está teu pai!  Dr. Julio César é teu pai! Somos vitimas da ganância e do preconceito do teu avô, um coronel tirano sem coração, que acredito deve estar ardendo nas chamas do inferno!
          E sobre os aplausos da platéia os três se abraçam agradecendo a Deus o feliz encontro.





Geraldinho do Engenho - Bom Despacho/MG



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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sonhos de um garimpeiro nas águas do Velho Chico


Autora: Maria Mineira

Maricota,

É a primeira carta que escrevo aqui do garimpo. Estou vivendo nessas lonjuras fustigado de saudade pela sua ausência.

Ao raiar do dia, já me encontro com os pés afundados nas águas do São Francisco. A bateia recolhe de grão em grão a areia e o cascalho e faz esse caçador de diamantes sentir saudades das esmeraldas que são seus olhos.

O peneirar me leva de volta à nossa casa... Cota, quando eu ficava te olhando catar feijão na gamela, o jeito que você separava os grãos bons dos carunchados, num galeio pra frente e pra trás...Aqui eu ajunto em cima, as pedras pequenas e no fundo as mais pesadas. A bateia me traz grãos de traço fino, outros grossos, e vou peneirando nas areias a minha pena. Vou rodando a peneira, retinindo a alavanca no cascalho das grupiaras, nessa empreitada que faço por você e por nossos filhos.

Quem não entende, pensa que o garimpeiro é louco. Fica queimando as costas, debaixo do sol escaldante, mas quem esta aqui não vê nada disso, até esquece o pito de palha apagado atrás da orelha. Os bichos chegam perto da gente, bebem água e vão-se embora. Passam, pato mergulhão, garça e saracura, passa nuvem, chove e faz sol... E o rio a correr para o mar. Eu vivo nessa busca incessante por melhores dias.

Garimpar é vício doido! O cabelo cresce, a barba branqueia, o monte de cascalho e areia aumenta de grão em grão, derrubamos mais barranco, mudamos de ponto, subindo o rio, descobrindo novas barras, novas águas desse meu sertão das minas de diamantes.

O rancho aqui é só de capim sapé amarrado, a comida eu mesmo faço, coisa pouca, carne seca com feijão e farinha, o café adoço com as rapaduras que você me enviou.

Eu vim parar numa região boa, uma fazenda conhecida como Vargem Bonita. Num instante já vai virando arraial. Vejo surgir casas de adobe e telha no lugar dos ranchos de capim. Fizeram uma capela aonde vem até padre batizar a meninada que danou a nascer depois que muitos homens trouxeram as famílias.

Eu viajo sozinho, a tralha é maneirinha, garimpeiro, você sabe, carrega muito é esperança e sonho... Acredito que um dia, se Deus quiser... Quem sabe?

Maricota, os companheiros aqui falam que, garimpeiro não pode sentir saudade e nem carregar consigo amor nenhum... Diamante, não sei se vou encontrar, apenas sei que sou e serei seu eterno amante.

Minha doce Cotinha, de grão em grão o sono se aproxima... Até o cansaço é bem vindo, pois, me entrego nos braços da noite a sonhar e o devaneio me traz a lembrança do calor do seu corpo ausente.

Termino com os olhos marejados... Abraço você minha Maricota, o Joãozim, o Genôr, o Nico e a nossa caçulinha Aurora.

Do seu garimpeiro cheio de saudades.

Tininho




Autora: Maria Mineira - São Roque de Minas/MG

Ilustração: Edmar Sales

Página da autora:

       http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=86838

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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Borboletas noturnas


Autor: Rangel Alves da Costa

Nunca mais chorei meu pranto, nunca mais meu desencanto, nunca mais cantei meu canto. Tudo isso era noturno, após o entardecer, misturado ao cacau derramado da noite, olhando a misteriosa lua.
Minha janela é testemunha da minha presença diante da ausência de tudo. Bastava o sol ir tomando a cor de fogo para depois esmorecer e as cortinas começavam a dançar a suave dança da ventania. Dali a pouco eu estaria ali.
Feito relógio de sopro, o vento mais forte sabia a hora de chegar trazendo seu buquê de alegrias e tristezas. Uma saudade imensa, uma tristeza infinita, uma triste recordação, mas também, de vez em quando, um laivo de esperança e reviver.
Por diversas vezes ouvi uma música ao longe, melodia sem instrumento algum, mas fruto dos acordes da brisa. E, numa voz de anjo, entoava algo como para que chorar o que passou, lamentar perdidas ilusões, se o ideal que sempre nos acalentou renascerá em outros corações...
A janela parecia se abrir mais quando ia me aproximando. As cortinas faziam uma leve saudação e abriam passagem ao tudo de mim que chegava. Tudo e muitas vezes metade, apenas pedaços. Tantas vezes cacos juntados onde não se reconhecia ninguém.
Ah, quanta esperança em cada passo, ainda que o desencanto não me soltasse o laço. Pensar no amor sim, imaginar amando sim, sentir que ela bem que poderia estar ali ao meu lado para ouvir a música que chegaria.
Mas meu amor não existe. Meu amor não está aqui nem irá chegar. Amo sozinho porque quero amar, e me apaixono assim porque quero sonhar. E se amo tanto assim na solidão, que doce será a música cantada no verso do beijo e do abraço. Algum dia. Talvez algum dia...
Mas meu amor não existe para dizer se nesse momento estou alegre ou triste. Meu bem querer não está aqui para o beijo na face nem o abraço apertado. Só tenho tido, juro, o afago desse fim de tarde e quase noite, num abraço que me chega num açoite.
Quando a lua desce macia e pelo jardim as cigarras brigam com o silêncio das coisas, então sei que já é hora de fazer minha prece e acender meu incenso. E a leve fumaça começa a subir cheirando a lavanda, alecrim, manjericão. Gosto de jasmim e de almíscar, mas não há aroma mais confortante do que arruda.
Quando o aroma do incenso se espalha pelo ar algo muito especial acontece em seguida. Todos os dias, logo após o incenso ser aceso, borboletas entram pelo vão da janela ainda aberta e vão tomando conta de todos os espaços.
Não são muitas. Cinco ou seis, nunca mais que isso. Mas são borboletas noturnas que talvez não sejam também borboletas noturnas. Ouvi dizer um dia que tais insetos possuem hábitos estritamente diurnos. Então por que invadiriam minha vida noturnamente?
O voo das borboletas noturnas é muito diferente da planagem que as outras fazem no mundo lá fora, lá pelos jardins. Voam em sincronia, em sintonia com o vento que ainda sopra, parecem valsar um Danúbio maravilhosamente azul.
Valsam, voam, voejam, e de repente vão deixando marcas pelo ar. Soltam uma pequena nuvem esbranquiçada contendo espantosas palavras, um nome, dizeres de amor. Já li um verso, já vi o nome do meu amor.
Na semiescuridão sempre leio o nome do meu amor. Não sei o nome do meu amor, porém sei que aquele é o nome do meu amor. Nunca está escrito o nome completo, nada como Maria ou Joana, apenas letras que sei que são do nome do meu amor. Por não ter quem amar, imagino qualquer nome e já amo.
Sempre adormeço enquanto as borboletas noturnas esvoaçam ao meu redor. Cansado de tanto amar não amando, derramo o copo de vinho e deito quase beijando a bebida. E quando amanhece recolho no ar todas as letras já inexistentes para formar um nome.
E todas as vezes que faço isso só encontro letras que formam o seu nome. Mas como você não me ama não vou dizer o seu nome.


Autor: Rangel Alves da Costa - Aracaju/SE
Poeta e cronista

Ilustração
Edmar Sales

Publicações autorizadas pelos autores



sábado, 18 de maio de 2013

Sinal fechado

Autor: Jailson Vital

Apoiou as mãos no cabeçote da sela, firmou os pés nos estribos e ergueu o corpo, ficando quase em pé. Girou o tórax e contemplou aquela multidão às suas costas. Sentiu o coração bater forte. Ele era o comandante daquela imensa massa humana que, a uma ordem sua se abateria sobre o inimigo.
O corneteiro deu a ordem de atacar e como um rolo compressor os cavalos partiram ferindo o chão com seus cascos, num barulho ensurdecedor. Ele, ali na frente, imponente de espada na mão. O inimigo também respondia ao ataque e vinha ao seu encontro com toda a sua força. Levantou a espada prestes a desferir o primeiro golpe. Nesse instante sentiu-se jogado fora da sela e caiu por terra.
-- Acorda “general”! Não ouviu o toque de alvorada?  -- Foram as primeiras palavras que ouviu, antes de compreender o que tinha acontecido. Ergueu o corpo apoiando-se no antebraço esquerdo, deu uma olhada na cama e esmurrou o chão com raiva. Não sabia porquê acontecia; sempre que assistia a um filme de aventuras, sonhava ser o herói. Desta vez a fantasia fora real demais e chegara até a cair da cama. Deixou-se ficar sentado ainda por alguns instantes esfregando os olhos, antes de ir se lavar.
O barulho dos companheiros no refeitório do quartel não o incomodava. Na verdade, não os via nem os ouvia, por demais absorto em seus pensamentos, tomando o seu café e comendo o seu pão.
-- Merda de vida essa. Ter que acordar a essa hora e ficar o dia inteiro em pé, parado num canto. Ainda mais essa chuva fina que não para nunca. Não sei porque o que tem de chover, não chove logo de uma vez. Garanto como a essa hora o coronel ainda está deitado chupando os peitos da mulher.
-- Acorda “general”!  -- Alguém passara, dando-lhe um tapa nas costas, fazendo com que se engasgasse com um pedaço de pão. Com esforço engoliu o pão e ainda forçando a voz:
--  Por que não vai bater na tabaca da mãe? Qualquer dia eu dou um tiro num “fela” da puta desses.
Carrancudo, tomou seu lugar com os demais companheiros no caminhão que os levaria para a cidade e os distribuiria. Desceu junto à chave do sinal sem se despedir dos companheiros, desligou o automático e pôs–se ele mesmo a manobrar.
Verde, amarelo, vermelho.
-- Já estou farto dessa vida. Três vezes por semana, ter que dormir naquele quartel fedorento e deixar Laura sozinha em casa. Hoje pelo menos, não vou almoçar lá. Laura deve ter preparado a feijoada que eu pedi. Antes de chegar em casa tomo umas duas no boteco do “seu” Manoel que é prá abrir o apetite.
Vermelho, amarelo, verde.
Os carros partem como tigres saltando sobre suas presas. O tráfego é intenso nas duas direções.
-- Aquele idiota ficou ali no meio dos carros! Era bom que viesse um, pegasse ele pela proa e jogasse na baixa da égua. Só assim, a gente ia ter uma diversão aqui, hoje.
Verde, amarelo, vermelho.
Um carro ultrapassa o sinal.  – Vou multar esse “bacana”, que é prá ele aprender. 
– “Seu” guarda, dá pra passar?  -- Dá!  -- A garota de blusa colante e calça Lee atravessa a rua balançando os quadris num movimento harmônico. 
– Eu não sei onde é que vai parar esse mundo. É os homens com cabelo de mulher, as mulheres com calça de homem; depois que inventaram essa moda, nunca mais se viu uma perna de mulher nem pelo amor de Deus. É capaz do cara casar com uma peste dessa e só ver que ela tem uma perna mais fina do que a outra, quando for dormir. Se minha mulher vestir uma desgraça dessas, eu largo ela na mesma hora.
Vermelho, amarelo, verde.
-- “Seu” guarda, pode me dizer onde fica essa rua por favor?
-- Puxa, que garota bonita! Pelo menos isso me aconteceu de bom hoje.
-- Pois não, senhorita: deixe-me ver. Rua do Progresso... bem, deixe-me ver onde é que fica.  -- Vou fazer “cera”, prá ficar olhando mais um pouco prá ela.
-- Rua do Progresso...  Rua do Progresso..., a senhorita tem certeza que fica aqui por perto?
-- Bem... me disseram que eu descesse aqui e me informasse!
O tráfego havia parado na direção do sinal livre e os carros que estavam parados por imposição do sinal vermelho, começaram a buzinar.
-- Ah! Já sei! A senhorita dobra à esquerda, mais adiante, dobra à direita, e vai...
“pibiiiite”...  “pibiiiite”... “pibiiiite”...
-- Vão se fuder!
-- ...e vai em frente. Logo adiante é a rua do Progresso.
-- Obrigada!
-- Às suas ordens!
Verde, amarelo, vermelho.
-- Boa tarde, companheiro. -- Boa noite. Pensei que não vinha mais!
-- A culpa não é minha. A culpa é lá “dusôme”.  -- Eu sei.
Finalmente podia ir para casa almoçar e descansar. Chega em casa fedendo à cachaça, chama por Laura.
-- Benzinho, está com muita fome?
-- Ainda pergunta? Dando duro até essa hora, feito um desgraçado, embaixo duma chuva chata... já estava todo entrevado... tô melhor agora porque tomei “umas” prá me esquentar, ali no barraco do “seu” Manoel.
-- Benzinho, eu quero lhe dizer uma coisa.
-- O que é?
-- é que eu fui aqui na casa de comadre Luiza, um instante, e quando eu voltei, a feijoada tinha queimado.
Levanta o braço na atitude de bater na mulher mas se contém, gira no calcanhar esquerdo e na ponta do pé direito, fazendo uma meia-volta perfeita, como aprendera no quartel, bate a porta e vai embora. Sumiu no ôco do mundo.






Autor: Jailson Vital - Custódia/PE

Ilustração: Edmar Sales - Custódia/PE
Publicação autorizada pelos autores

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Gandavos - Contando outras histórias


Autor: Carlos Costa


Entre remédios que tomo para dormir diária e pontualmente às 8 da manhã e aos que volto a tomar às 10 hs., mas sem me causar sono,  consegui concluir a leitura  do saboroso, agradável e diversificada composição multifacetados textos que compõem o livro “GANDAVOS  - contando outras histórias”, com a participação de autores iniciantes e, outros nem tanto, de vários Estados e municípios do Brasil.
Lembrei-me da coleção de livros “Para Gostar de Ler”, lançada na década de 80, com saborosas antologias de contos, crônicas e poesias, direcionadas ao público juvenil, com o propósito de despertar nos jovens o gosto e o prazer da leitura. Eloar Guazzelli Filho era o ilustrador da coleção, organizada por Carlos Felipe Moisés.
Agora, ilustrado por Edmar Sales e organizado por Carlos A. Lopes, o “Gandavos”, tem certa semelhança com a coleção famosa lançada nos anos 80 . Em lugar de Vinicius de Moraes, Cecília Meirelles, Carlos Drumond de Andrade, Affonso Romano de Sant’Anna, Afonso Smidth e muitos outros intelectuais consagrados na época e ainda hoje lembrados, escritores ainda desconhecidos do grande público  emprestaram seus trabalhos para Carlos A. Lopes  organizá-los no livro GANDAVOS – contando outras Histórias que começou como um projeto despretensioso, uma quase uma experiência e já segue para um novo volume.
Da coleção famosa dos anos 80, recordo-me bem de ter comentando em uma coluna literária que mantinha em A NOTÍCIA, a obra magnífica escrita por um médico da Bahia, narrando o reencontro de amigos de faculdade para a festa na casa de um deles. Dentre eles, havia uma atriz fracassada, um hippie e outros que não lembro mais, que se reuniam durante um jantar com hora marcada e discutiam sobre o início da AIDS porque entre os amigos havia um homossexual assumido, que buscava tratamento para a doença. Mas isso já é passado e só me restou na memória uma vaga lembrança dessa obra, cujo autor não me recordo mais e o título da obra também o tempo me fez esquecer.
A cada novo lançamento o livreiro José Maria, dono da livraria Nacional, em Manaus, mandava-me um para que eu lesse e escrevesse sobre a obra na coluna que possuía no Jornal. Fazia isso com muito prazer, quer pelo sabor dos textos como pela alegria de poder me aprofundar um pouco mais no gênero de crônica que pratico.
Mas a historia agora é outra: trata-se do maravilhoso livro GANDAVOS – CONTANDO OUTRAS HISTÓRIAS, que se tornará um sucesso também e lembrado por muitas gerações porque em apenas um livro, Carlos Lopes conseguiu reunir diferentes autores que só desejam mesmo contar suas histórias.


Autor: Carlos Costa - Manaus/AM

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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Pureza ou imaturidade


Autor: Nêodo Ambrosio de Castro

Seria imaturidade uma pessoa ser tão possessivamente perseguidora da felicidade através do amor, do enlace entre os sexos? 
Poderia ser considerado certo estado de pureza, viver no mundo de hoje, onde os jovens na era da evolução tecnológica tão acelerada, onde procuram se divertir, muito além do razoável, desprezando alguns valores, considerados importantes para os mais velhos, pensando e entendendo que estão fazendo tudo da forma errada, desprezando os prazeres do relacionamento íntimo longe da influência dos eletrônicos?
Na atualidade, o sexo levado a termo, principalmente pelos jovens, tem uma duração muito menor, se o compararmos com o que fazíamos a alguns anos passados. A pressa tomou o lugar do prazer, da satisfação, que é a responsável pela felicidade. Não existem mais prelúdio ou poslúdio, o sexo ficou sem graça.
A felicidade, por sua vez, foi substituída pelo prazer de ter ou adquirir um aparelho eletrônico mais sofisticado e de última geração. Isso afasta a necessidade do romantismo. Tudo é feito da maneira mais prática e rápida. A publicidade, que sempre trabalha explorando a preferência ou tentando lançar estilo de vida, tendenciosas ou naturais que insistem em considerar o homem de sucesso aquele que tem um celular mais veloz que o outro ou uma banda larga de internet mais rápida que a do concorrente.  Essas publicidades são influências tendenciosas, estimulam o consumidor a adquirir sempre o mais veloz e o mais moderno.
Esses estímulos, acabam determinando a velocidade de viver a vida. Uma pessoa normal, sem perceber, está usando menos tempo para almoçar, para lhe sobrar uns minutos para manusear seu celular. Um casal termina o jantar após um dia de trabalho e o ritual de lavar e enxugar a louça, coisa que era quase um prelúdio sexual antigo, deixou de existir. Colocam as louças na máquina de lavar e correm para o computador, para os sites de relacionamentos.
Com o passar dos dias, eles próprios descobrem que estão vivendo uma vida sem sentido. Não precisam nem querem o romantismo, pois os sites o substituem. As emoções dos passeios, de um cinema à noite é igualmente trocada pelo mesmo motivo assim, começa o fim de um casamento.


Autor: Nêodo Ambrósio de Castro - Eugenópolis/MG

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terça-feira, 14 de maio de 2013

Uma amante para meu marido


Autora: Maith


O sonho de Emanuelle era desfilar em uma passarela vestida com um exótico traje assinado por algum costureiro de renome.
Nunca assistira um desfile ao vivo, contentava-se em ver na televisão e sonhar com o dia que pudesse, não apenas assistir, mas participar.
Enquanto seu sonho não se realizava, trabalhava como atendente em um hospital e foi ali que conheceu o Melitão, um homem quase cinquenta anos mais velho, mas que se apaixonou perdidamente por ela. Ele não era tudo o que ela sonhara, mas era muito rico e ela achou que valia a pena abrir mão de todo romantismo para desfrutar as facilidades que seu dinheiro podia proporcionar.
E começou para Emanuelle uma vida muito diferente da que tivera até então. Joias, roupas de marca, noitadas, viagens. O marido encantado com a quase menina que o levava às nuvens estava tão feliz que lhe satisfazia todos os desejos.
Por insistência dela fixaram residência em Milão, ela começou a frequentar uma escola para modelos e antes do que podia imaginar estava fazendo sucesso na passarela atraindo as atenções e recebendo galanteios de homens bem mais interessantes do que o seu marido.
Não demorou para que ela tomasse consciência de que estava perdendo os melhores anos de sua vida ao lado de um homem decrépito que dormia de pijama de flanela, roncava e não satisfazia seus anseios, e começou a arquitetar um plano para livrar-se dele.
 Não desejava sua morte, que, aliás, seria a melhor solução, pois como eram casados com comunhão total de bens todo seu patrimônio seria dela, mas ela não chegava a tanto. Tudo que queria era o divórcio, ficaria com a metade que já não era pouco e ele ficaria livre para “comprar” outra mulher.
Mas como levar a cabo o seu intento? Ele não parecia notar as belas mulheres que desfilavam com ela na passarela nem suas amigas cheias de charme e por mais que ela tentasse aproximações não conseguia vê-lo interessado em aventuras amorosas.
Começou a confidenciar com as amigas que seu casamento não ia bem, que estavam pensando em uma separação, deixando ardilosamente transparecer como ele era rico generoso e fogoso. Pensou que na certa alguma delas ia se interessar e dar em cima dele, mas nada aconteceu.
O próprio Militão acabou tomando a decisão tão desejada:
            —Não quero mais que você desfile. Pode rescindir o contrato com seu costureiro.
         —Mas, como assim? Você sabe que este é o meu trabalho e que a passarela é a minha vida.
             —Mas eu sou seu marido e tenho meus direitos.
             —Direitos muito questionáveis.
             —Pois você vai escolher agora. Ou a passarela ou eu.
             —A passarela!
             —Então vamos providenciar o divorcio. Pode ser amigável?
             —Sem dúvida!
Emanuelle não soube explicar a mudança de atitude do Militão. Era evidente que ele usou a passarela como desculpa. Por que será que ele quis a separação? Mesmo satisfeita com a decisão dele, ficou meio implicada:
             —Será que ele deixou de gostar de mim de repente?
Ele, indiferente ao espanto da mulher, tomou o telefone em silêncio e faz a ligação:
— Cotinha, está tudo resolvido meu amor. Vamos a sair à noite para comemorar.
 — ...
               —Claro que pode levar a netinha.

   Autora: Maith - Sorocaba/SP



Publicação autorizada pela autora





segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ensaios interrompidos


Autora: Adriane Morais

Um DVD traz à tona Heitor em música e letra. Tempo Perdido. Legião Urbana.
Quando criança não parava quieto. Sempre foi de uma energia potencializada. Dizia-lhe a mãe.  Um futuro?! A vida lhe estava ensaiando.
Nos giros compactos do tempo, Heitor, já adolescente, segue lhe desenvolvendo a vida. Temperamento inquieto, encontrou na prática esportiva uma excelente forma de se tornar mais concentrado e motivado para demais atividades. Futebol e natação lhe ganhavam a preferência. Comunicativo, risonho e estudante curioso, fazia amizade fácil. Aos 15 anos, Heitor, amplificado nos hormônios, vontades e ambições, construía um futuro nos tais ensaios convocados pela vida...temos nosso próprio tempo...
Aos 17 anos, Heitor, dividido entre namorada, amigos, esportes, família, estudos e ilimitados porquês, e não necessariamente nessa ordem, soltava-se cada vez mais às ebulições dos fatos e circunstâncias que surgiam. Concomitantemente, nos ensaios do palco vida, são abertas as cortinas da insegurança, do medo, da desilusão, da decepção e da mentira, puxadas por roldanas da vontade e da autoestima ainda bem reforçadas.
E o tempo segue! Heitor, apesar dos excelentes prazeres vividos no palco vida, sentia que certo vazio lhe estava disputando espaço. Um sentimento sempre presente, mas que, de repente, e sem saber explicar o início e compreender o porquê, assumia com certa velocidade o ritmo dos ensaios. As roldanas da vontade e da autoestima começavam a dar sinais de desgastes.
Euforia, sonolência, ansiedade, alucinações e delírios lhe compunham os seus 25 anos. Um futuro?! A vida lhe estava alertando.
Heitor! Acorda Heitor. Vozes distantes o estimulam à participação nos ensaios. Distante...Heitor também observava sua mãe, pai e o irmão caçula paralisados diante de alguém que se tornava assustadoramente incapaz. Por alguns minutos questionou a sensação da distância, já que eram tão próximos. Família! Ainda sem saber quando tudo isso começou a lhe transformar, o vazio se tornava seu refúgio.
Os internamentos eram frequentes. Dependência e crises de abstinência passaram a abrir as cortinas da esperança, da fé, da solidariedade e das lembranças, revelando um Heitor num palco, cujos ensaios lhe eram raros. Um futuro?! A vida lhe interrogava.
A imagem do vício lhe conduzia a um status de um morto vivo. No palco, Heitor se sentia uma marionete. O ser humano se limitava à sua fragmentada aparência. Cabeça recortada das lembranças; membros inferiores e superiores acionados por estímulos químicos; e olhar alienado...o que foi escondido é o que se escondeu...Um futuro?! A vida lhe interrogava.
Nos compactos giros, o tempo Heitor sucumbiu. Numa rápida passagem no palco vida, Heitor não conseguiu ser futuro. Os ensaios foram interrompidos, levando motivos, porém intensificando vazios. Porque somos tão jovens!


Autora: Adriane Morais - Recife/PE