Em um Natal no começo da
década de cinquenta, meus pais decidiram trazer a nós, o encanto do Papai Noel.
Papai fez duas armações de madeira e pintou de azul e mamãe fez duas redinhas
com estampas diferentes e vestiu ricamente, como bebes duas bonequinhas de
louça.
Na véspera do Natal,
mamãe nos levou até a cozinha e nos contou sobre o "bom velhinho".
Minha irmã mais velha entendeu melhor, pois estava com quatro anos, eu com dois,
sem contar que a caçula tinha apenas seis meses. Mas mamãe falava com tanto
encanto que só poderia ser algo maravilhoso! Disse que nossos sapatinhos
deveriam ser deixados na janela. Mas naquela noite choveu. Então com
delicadeza, os colocou na parte mais baixa do fogão á lenha. Os de minha irmã
que eram de verniz preto, as minhas sandálias brancas e do bebê que eram de
tricô. Com carinho nos disse:
-Como está chovendo,
vamos deixar aqui, com a janela um pouquinho aberta, para que o Papai Noel
possa espiar e ver os sapatinhos...
Por volta das dez horas,
dormíamos e ela nos acordou:
-Acordem, venham ver!...
O Papai Noel já esteve aqui!
Ansiosas, corremos até os
sapatinhos e encantadas vimos os brinquedos. Para o bebê, ele deixou bolachas,
das que mais gostava.
Emocionados nossos pais
nos observavam. Ela voltou-se para ele e disse:
-Vá buscar o Jepp enquanto
as arrumo!
Faltavam poucos minutos
para a meia noite, quando seria rezada a missa-do-galo. Papai parou ao lado do
jardim da igreja sob uma frondosa árvore. Emocionados, adentramos a igreja ao
som da música Noite Feliz, cantada pelo coro das Filhas de Maria.
Ele me levava no colo e mamãe o bebê. Minha irmã ficou
no meio, com todos entreolhando-se, envolvidos em imensa felicidade.
Autora: Chila Alves - Santo André/SP
Autora: Chila Alves - Santo André/SP
Um comentário:
Parabéns Chila pela maneira como você descreveu essa pequena parte da sua biografia. Possivelmente foi esse clima de harmonia familiar que fez com que você se tornasse a pessoa amável que é.
Postar um comentário