segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Falando de igualdade

Há alguns anos atrás no  sepultamento de um amigo da família eu estava junto ao túmulo do morto, quando observei quatro sacos de lixo, desses de cor preta,  no chão.Curiosa perguntei para o coveiro o que era. Ele me respondeu que eram os ossos dos  parentes do falecido. Agora já é pó dona, disse o  homem.Mais curiosa ainda, peguei um dos sacos para ter a percepção do peso. Muito leve, quase nada, talvez menos de meio quilo. Confesso, aquilo foi um choque! Jamais havia tomado consciência do preceito bíblico que diz: do pó viemos e ao pó voltaremos. Ali, naqueles sacos de lixo, estava tudo o que restara  de pessoas que haviam sido bonitas, ricas, talentosas amadas e bem sucedidas na vida...E será tudo o que restará de todos nós, sejamos brancos, negros, pardos, mulatos etc... Ou ainda, ricos, pobres ou remediados.
Quero acreditar que o corpo físico tem no pó a sua redutibilidade, mas que deve existir algo alem desse pó.Ocorre-me que por conta de irmos todos ao pó, não haveria porque ser solidário,
participativo, tolerante, idealista. Afinal para quê? E ai volto a uma questão que me é presente todos os dias da minha vida: meu corpo é a forma mais bem acabada da existência de uma inteligência superior, que para mim é Deus.Essa perfeição está presente em todos os nossos irmãos, sejam eles de qualquer cor, raça ou religião e por isso me pergunto: porque o preconceito,   a intolerância, o ódio racial,  a ganância, a violência e a lei do olho por olho, dente por dente?
É só pensar que é lá, naquele saco de lixo que está a essência da igualdade humana! Do pó viemos e ao pó voltaremos!

Autora: Conceição Gomes - Curitiba/PR

Página da autora:

http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=54344

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