sábado, 27 de setembro de 2014

Viver como casal é um carro em movimento

Autor: Carlos Costa

Casamento é contrato comercial infinito, regido pelo interesse do casal que busca perpetuar a espécie (O HOMEM DA ROSA, de Carlos Costa)

Dedicado a minha esposa Yara Queiroz, pelos nossos 17 anos de casamento.
Viver como um casal, é como se fosse um automóvel em movimento, enfrentando um trânsito pesado em uma autoestrada. É possível se chegar ao final do percurso sem atropelos, mas será difícil e exigirá muita atenção e muito cuidado do condutor para não atropelar alguém e nem ser atropelado por outro carro dirigido por motorista imprudente, talvez inebriado por novas experiências fúteis e inúteis!

Viver a dois, não é nada fácil, mas é possível. Como automóvel em movimento em uma autoestrada bem asfaltada, perigosa exigirá sempre de muito cuidado, atenção, correção de rumos, sempre respeitando a sinalização da pista, freando quando  necessário, correndo quando permitido, enfrentando sol e chuva, permitindo passagens aos mais velozes, desviando-se de buracos que sempre existirão em uma relação e evitando cair dentro deles. O carro pode quebrar na via, o guarda poderá multar, mas o importante e chegar a um final feliz, com todos os passageiros vivos.

Um carro pode ser trocado, mas na vida a dois é preferível uma boa revisão do que a troca. Mas quando é inevitável, a troca pode ser feita antes do desgaste das peças para poder seguir em frente porque nem sempre o carro que se adquire é o que desejávamos comprar. Falhas existem também na escolha de parceiros. Errar é permitido, permanecer no erro é burrice!

O convívio a dois, precisa sempre ser revisado, tal qual um carro em movimento. A elevada velocidade ou a lentidão excessiva são um perigo: pode-se sofrer um acidente ou atropelar alguém e tudo precisa funcionar como se fosse uma engrenagem perfeita para continuar sempre justa, lubrificada para continuar exercendo sua função com perfeição. Existirão consertos que necessitarão de reparos no decorrer da viagem, como um pneu furado, uma olhada pelo retrovisor, uma ultrapassagem em local proibido. Olhar para o lado, rapidamente, para ver pelo retrovisor, é permitido, mas precisa ter cuidado.

A vida a dois é como se fosse uma estrada bonita, longa, bem asfaltada, mas muito perigosa, sem acostamento, com placas furadas por tiros, outras nem sempre visíveis, escondidas pelo mato das rodovias e quase sem sinalização adequada, qualquer descuido poderá ser fatal. Pode-se cair em um barranco, quebrar para sempre o automóvel ou pode-se sair do carro ou permanecer dentro dele, dependendo de atitudes que tomamos para corrigir os rumos de uma relação a dois. Mas como em uma estrada, viver o casamento tem que passar por uma profunda revisão, onde deverão ser verificados o nível de óleo do motor, o nível de água, os limpadores de para brisas, extintor de incêndios, estepe e a parte elétrica para evitar incêndios no decorrer da viagem. O casamento tem que permitir passagem a outro automóvel que esteja andando mais veloz que o casal, respeitando a e aceitando a individualidade e a velocidade de quem tem pressa e não invadindo o direito de ultrapassagem do outro, para não estragar a engrenagem, sofrer um acidente. O automóvel, como o casal,  precisa ser constantemente reajustado, lubrificado e poder evitar os desgaste do tempo e não deixar que a vida se transforme em uma monotonia total. Se ocorreram – e sempre ocorrem, nunca se deixar abater ou se inferiorizar diante da troca. Paciência! Sinta-se forte e determinada porque os frutos do produto que estão sendo transportados no automóvel não podem ser estragados.

O carro pode chegar ao fim da estrada, velho ou parar pelo caminho ainda novo, fazer uma revisão e voltar à estrada novamente, mais seguro do que deseja fazer em sua nova viagem perigosa. Com tempo, aprende-se que a vida não gira em torno dos desejos individuais, mas das vontades e de um querer melhor para o outro. Na vida a dois, temos que vivê-la como permite que a vivamos, nos esforçando sempre para sermos cada vez melhores para os outros e para nós mesmos. Isso é totalmente possível com muito amor, entrega e respeito.

Na vida a dois, temos que transformá-la em uma constante vida de aprendizado, lubrificando cada peça, não permitindo que as fricções do tempo e as desavenças naturais permitam que desgastem, sofrendo rupturas e problemas irreparáveis. Sempre devemos recuperar a peça defeituosa antes que ela se quebre e se torne irrecuperável. É, portanto, um aprendizado constante, uma lubrificação permanente para que a peça da engrenagem que se chama casal não se desgaste pelas fricções do tempo ou pelas desavenças naturais que ocorrem. Viver a dois, é difícil, mas é possível! O que precisa ser entendido, compreendido e aceito por todos é que tudo pode acontecer de bom ou de ruim em uma relação a dois: ou se chega ao final da estrada ou se recomeça tudo de novo, desde o início. Me desviei da estrada uma vez, quis experimentar outro veículo mais novo, mas me arrependi porque nunca deve-se trocar um carro que já se conhece por um outro que ainda será conhecido e que logo poderá apresentar defeitos. 

Os filhos nascem, crescem, ganham asas, constroem seus próprios ninhos e passam a dirigir seus próprios carros, continuando um aprendizado que receberam. Não importa o tipo ou a marca do carro: o que é importa que tenha direção defensiva e ofensiva, quando estiver na estrada. Defensiva para prever os riscos e se defender dos outros; ofensiva, para gozar a vida intensamente, superando os riscos de se viver como um casal que se ama e que se quer bem!

Autor: Carlos Costa - Manaus/AM

Publicação autorizada pelo autor através de e-mail.

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